Dois Filhos de Francisco
Dois Filhos de Francisco é um filme brasileiro lançado em 2005, dirigido por Breno Silveira e baseado na vida dos músicos Zezé Di Camargo & Luciano.
‘Dois Filhos de Francisco’ mostra um país belo e de pessoas batalhadoras, que mantêm as esperanças e permanece sonhando.
Separando a história sobre a vida de Zezé de Camargo e Luciano e as suas opções musicais, ‘Dois Filhos de Francisco’ é uma história linda, romântica e alto astral, história de muitos brasileiros que suaram muito para conseguir crescer na vida, história de muitos que morreram tentando ter uma vida digna. Eles conseguiram, muitos não.
O filme gira em torno da família de Francisco, lavrador do interior de Goiás que tem um sonho aparentemente impossível: transformar dois de seus nove filhos numa famosa dupla sertaneja. Morando numa casinha de adobe, em meio ao nada e horas distante do vilarejo mais próximo, ele não mede esforços neste caminho.
Deposita sua esperança no primogênito Mirosmar ao dar-lhe um acordeão quando o menino tinha apenas 11 anos. Mirosmar e o irmão Emival, que ganhara um violão, começam a se apresentar com sucesso nas festas da vila até que conhecem Miranda, empresário de duplas caipiras, com quem desaparecem por mais de quatro meses.
Após um acidente interromper dramaticamente a carreira da dupla, Mirosmar volta a cantar, vira Zezé Di Camargo e grava sem sucesso um disco solo em São Paulo. É neste momento que encontra no irmão Welson (Luciano), 11 anos mais novo, o parceiro perfeito para concretizar a profecia de seu pai.
Em 1990 Zezé Di Camargo e Luciano gravam e lançam um disco com a música “É o Amor”, composta por Zezé. Com a ajuda do pai, os filhos de Francisco conquistam as rádios e vendem um milhão de discos.
‘Dois filhos de Francisco’ é um conto magistral, bem dirigido, roteirizado e com um elenco estelar. Um filme nacional que mostra a vida de muitos brasileiros.
*Membro Efetivo e Analista Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
O que faz um bom filme? Um roteiro inteligente? Direção e atores competentes? Personagens interessantes e uma história cativante, cheia de surpresas e reviravoltas? Uma trilha sonora decente?
2 Filhos de Francisco – A História de Zezé di Camargo e Luciano (2005) tem tudo isso e mais um pouco.
É justamente nesse ponto que o roteiro esmerado de Patrícia Andrade e Carolina Kotscho se destaca. As duas utilizam a consagrada dupla sertaneja apenas como uma ponte para na verdade contar a história do pai dos cantores, Francisco Camargo, um trabalhador rural apaixonado por música e que sonhava com a carreira musical dos filhos.
Interpretado brilhantemente por Angelo Antonio, Francisco é um típico brasileiro como tantos e, ao mesmo tempo, tão poucos. Sem instrução, dinheiro e, muitas vezes, comida, mas dono de uma ingenuidade que viria a ser seu maior trunfo, Seu Francisco jamais desistiu deste sonho.
Ao preço de uma vida de sacrifícios, hoje pode contar sua história, que começa no nascimento do primeiro filho, Mirosmar (Zezé di Camargo), e vem até um emocionante show da dupla, não sem antes mostrar a construção do mega-hit que lançou os dois: É o amor.
Mesmo que essa história tenha sofrido poetizações, seus elementos mais importantes são retratados de maneira bastante realista, com fome, frio, deslumbramentos, decepções e até uma paralisia infantil de um dos filhos de Francisco, que também teve de lidar com uma tragédia ainda maior – mostrada lá pelo meio do filme. Os momentos alegres na infância e a vida adulta dos personagens existem, mas são mostrados de maneira honesta e bastante crível.
Dirigido pelo premiado diretor de fotografia Breno Silveira, 2 filhos de Francisco cai na estrada com o pé direito. Vencer preconceitos, pelo menos da crítica, foi sua maior vitória.
Francisco Camargo (Ângelo Antônio) é um lavrador do interior de Goiás que tem um sonho aparentemente impossível: transformar dois de seus nove filhos em uma dupla sertaneja. Ele inicialmente deposita sua esperança no mais velho, Mirosmar (Dablio Moreira), e resolve lhe dar um acordeão quando completa 11 anos. Mirosmar e seu irmão Emival (Marco Henrique), que toca violão, se apresentam com sucesso nas festas da vila onde moram, mas devido a perda da propriedade onde moravam nos anos 70 toda a família é obrigada a se mudar para Goiânia. Mirosmar e Emival começam então a tocar na rodoviária local, na intenção de conseguir algum dinheiro para ajudar em casa. Lá eles conhecem Miranda (José Dumont), empresário de duplas caipiras, que viaja com eles por mais de 4 meses. Os irmãos novamente fazem sucesso e chegam até mesmo a cantar para 6 mil pessoas em um show no interior do país, mas um acidente encerra prematuramente a carreira da dupla. Após quase desistir da carreira artística Mirosmar decide voltar a cantar, agora usando o nome artístico de Zezé di Camargo (Márcio Kieling). Ele grava um disco solo, mas não obtém sucesso. Já casado e com duas filhas pequenas, Zezé tem dificuldades em sustentar a família e o máximo que consegue é que outras duplas cantem composições suas. É quando ele encontra em seu irmão Welson (Thiago Mendonça), que passa a usar o nome artístico de Luciano, o parceiro ideal para levar adiante sua carreira musical.
O Brasil é um país único, pois reúne uma diversidade de recursos naturais e um povo cuja característica marcante é o otimismo. Otimismo com o futuro, com a vida e, principalmente, com os momentos difíceis. O otimismo, muitas vezes, pode ser confundido com uma ilusão ou com um sonho, ao mesmo tempo em que pode ser motivo de chacota. Todos nós somos assim: sonhadores e otimistas.
As nossas histórias poderiam estar nas telas de cinema. Mas, em “2 Filhos de Francisco”, filme de estreia do diretor Breno Silveira, veremos a história de um brasileiro lutador e que nunca desistiu de um sonho. Francisco é o pai de Mirosmar e Welson, mais conhecidos como Zezé Di Camargo e Luciano, que já foi considerada a dupla sertaneja mais bem-sucedida do Brasil. Entretanto, como se pode perceber por “Dois Filhos de Francisco”, o caminho deles para o sucesso foi muito difícil e, se Zezé Di Camargo e Luciano são o que são hoje, muito eles devem ao pai. Francisco, antes mesmo de se tornar pai, visualizou que seus filhos iriam trabalhar com música.
Foi nesse ambiente que Mirosmar (e os outros filhos) nasceram, em uma casa aonde a família se reunia para escutar o rádio, e não para assistir TV – um meio de comunicação que não era muito acessível para a população na década de 60. Francisco (interpretado com competência por Ângelo Antonio) sacrificou-se muito para fazer acontecer o futuro que vislumbrou para seus filhos. Para a sorte dele, este sonho não foi imposto aos meninos, uma vez que Mirosmar (a revelação Dablio Moreira, quando garoto; e Márcio Kieling, quando ele já se apresenta como Zezé) e Emival (Marco Henrique) – seus filhos mais velhos – levavam jeito para a música. Os dois irmãos aprenderam a tocar sozinhos instrumentos como a gaita e o acordeom (no caso de Mirosmar) e o violão (no caso de Emival) e logo estavam cantando em comícios políticos e concursos de duplas infantis. Na medida em que a carreira dos meninos evoluía, o roteiro escrito por Patrícia Andrade e Carolina Kotscho vai se dividindo entre o retrato da busca da ascensão profissional por Mirosmar e Emival (que lidam com empresários malandros e a rotina na estrada em tão tenra idade) e a crônica sobre a vida de sacrifícios financeiros e familiares que Francisco e sua esposa Helena (a ótima Dira Paes, no ar atualmente na novela “Salve Jorge”) levavam. A trama de “2 Filhos de Francisco” dá uma guinada quando Mirosmar vira Zezé e ganhou uma nova segunda voz na dupla musical familiar: Welson/Luciano (Thiago Mendonça) – o terceiro filho de Francisco a ter vocação para a música – com quem ele grava um disco, que fica engavetado na gravadora, pois eles não tinham um hit. A vida de dificuldades dessa família não iria continuar pra sempre e, mais uma vez, Francisco dá voz à sua visão e, com uma estratégia de divulgação inédita, transforma “É o Amor” em um sucesso estrondoso. O final desta história toda nós conhecemos. Apesar de “2 Filhos de Francisco” relatar a história de Zezé Di Camargo e Luciano, o filme não feito para os fãs de carteirinha da dupla. O relato possui um apelo universal, pois, como mencionei no início, a história de Francisco é igual à de muitos outros pais que fazem de tudo para que seus filhos tenham um futuro melhor do que os deles. Você pode não gostar da música que Zezé Di Camargo e Luciano fazem, mas garanto que irá admirar a persistência e a perseverança deles (e da família como um todo) como pessoas depois de assistir ao filme. E isto é um resultado direto da direção de Breno Silveira, que une a técnica cinematográfica à emoção – uma receita que é sempre infalível.