Cine Debate: Um Sonho de Liberdade – 06/02/2021 (Vídeo, agradecimentos e comentários)

 

Um Sonho de Liberdade – Comentários do filme dia 06-02-2021 – No Núcleo de Psicanálise de Marília – Cine Debate.

 

Agradeço o convite feito pela Comissão de Cultura do NPMR para assistirmos e comentarmos sobre o filme – Um Sonho de Liberdade.

Convite aceito com muita honra e agradeço a gentileza de vocês terem me colocado em parceria com meu parceiro Julio Brandão.

Obrigada! Obrigada Luis Fernando e sua Comissão.

Enquanto eu pensava no que dizer, pensei nesse exercício oferecido pelo Núcleo o que é o Cine Debate:  Ao vermos uma obra temos uma experiencia de abrir muitas portas, pensar em tantas coisas boas e importantes e somos retirados do cotidiano banal que seria nossa vida, se não existisse a arte. A arte nos oferece outras possibilidades de pensamento.

A primeira coisa que gostaria de comentar é que esse filme denso é baseado em uma novela do mestre Stephen King – Hoje ele é um dos escritores americanos contemporâneos mais impactantes e mais produtivos. Ele tem de sua autoria mais de 60 romances. Vários contos e muitos filmes foram baseados em suas obras. Um autor curiosíssimo que tem um universo peculiar. Vários personagens seus se visitam em outros livros. Não podemos deixar de citar que o comovente filme A espera de um Milagre também é baseado em uma de suas novelas.

Ele é tido pela, sua produção inicial de década de 70 como mestre da obra prima de horror. Para citar mais alguns: – Novembro 63, Carie a estranha, It a coisa, Misery, uma louca obsessão, o Iluminado, Outsider, Mr. Mercedes e a Torre Negra. São muito numerosos.

A novela (que é um conto grande) na qual o filme é baseada chama-se Rita Hayworth and. Shawshank Redemption. (Salvação, Auxílio, Proteção que livre de situação difícil)

Preste atenção nesse título pois vou voltar a ela. Essa novela conta a história de dois homens condenados – Andy e Red e é de 1994. Destaca-se nessas condenações o que esses homens têm que suportar para sobreviver em um mundo onde eles são jogados na prisão totalmente cruel injusto e violento e continuar vivendo.  No caso ficamos abismados de ver o que fez Andy Dufresne que injustamente acusado e julgado passou anos de sua vida na prisão. Sofreu muito por ser quem era – era jovem, bonito, inteligente, requintado, é jogado no sub mundo com características inomináveis de perversidade. Nesse ponto vemos no filme porque muitas vezes as pessoas têm medo de causar inveja e o que a inveja fomenta nas pessoas e levam-nas a agir de modo a prejudicar a pessoa – invejada – Claudio Castelo Filho trata desse assunto em entrevista dada a coluna Viver Bem, do Uol. Andy era um destaque na vida profissional entre aquelas pessoas que passando muito tempo por lá iam tornando-se bichos. Ele sofreu portanto ataques de  todas as sortes – abuso sexual – abuso de sua competência e inteligência – abuso de sua capacidade de competentemente ganhar dinheiro, mesmo dentro de um encarceramento desumano e cruel – A escolha do conto de Stephen King que serve de base para o roteiro de Frank Darabont se torna uma metáfora da própria vida humana que é difícil e desafiadora Quando Andy é preso em Shawshank sem ter cometido crime algum cada um de nós se sente atingido e vem um sentimento de compaixão pois nada mais universal na condição humana que o sofrimento sem razão e destruidor de uma vida promissora como tinha esse jovem. Aos poucos dentro da prisão percebemos não haver diferenças entre os presos-criminosos e os funcionários-criminosos. As pessoas encarregadas de trazer a redenção eram criminosos.

Os crimes são os mesmos – roubar, matar, violentar, humilhar, extorquir.

Apenas, a diferença ali, é que eles estavam com o poder na mão e os prisioneiros estavam a quilômetros distantes de seus direitos, cidadania e respeito. É a barbárie instalada.

Destacaria aqui a imagem do filme – Sonho de Liberdade – é uma coisa fundamental para uma mente ser alimentada e a vida poder se fazer. A imagem da belíssima atriz esconde o túnel que representava ou possibilitava sua fuga. Está suportada e disfarçada por ela, e há esse túnel está sendo feito por 20 anos dia a dia – como mesmo um trabalho de preso – que o libertaria e o levaria novamente para a vida real – faria sua libertação. Há um outro elemento que também é destacado. Além de sonhar o homem precisa de vínculos como o que se estabeleceu entre ele e Red. O personagem de Red vivido por Morgan Freeman faz com sua voz inconfundível toda a narrativa do filme. E logo no início ele fala sobre a admiração que Andy despertou para ele desde a primeira vez que o viu – Vejam a distinção entre a inveja que ataca ser despertada e a admiração ser despertada e levar ambos a construir a redenção de suas vidas – Andy sonhar e realizar seu sonho de liberdade e Red voltar acreditar que poderia viver novamente anos de prazer.

Rita Hayworth serve de inspiração para Andy – Ele tem um encanto estético pelo feminino. Nesse momento lembro-me de D. Meltzer e sua obra Apreensão do Belo e tudo o que ele descreve que esse êxtase pelo Belo que o feminino desperta e pode promover. O contraponto que eu faria é uma das cenas mais violentas do filme – na chegada dos novos prisioneiros da leva que trouxe inclusive Andy – O gordinho absolutamente impactado ao chegar num lugar como aquele, também lembrou-se de uma mulher no caso sua mãe – E ao dizer aqui não é meu lugar, eu quero minha mãe, despertou de tal forma a ira dos criminosos que cuidavam da prisão – que foi morto a pauladas, talvez para calar a boca. E não mais mencionar mais a ânsia pelo amor primitivo da mãe.

Um Sonho de Liberdade nos oferece algumas reflexões para enfrentarmos a existência. Sentimentos nobres a amizade, uma biblioteca, a inteligência e a criatividade humana trazem uma expectativa de redenção.

Andy acreditava nos livros, na alfabetização e no respeito humano. Ele organizou uma biblioteca que cresceu bastante e modificou seu meio apesar de ter encontrado um meio hostil e psicótico.

Obrigada.

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