Envelhecer nas cidades

Em 1923, Freud afirmou que o ego é sobretudo corporal. Com isso, ele demarcou que no corpo se inscrevem significados por onde o Eu poderá se constituir. A partir desse corpo, o sujeito inicia uma troca permanente e única com o seu meio.

A relação do corpo com a cidade é paradoxal. Os corpos, que ocupam a cidade, podem se invisibilizar ao se converterem em extensões de, por exemplo, automóveis-próteses, ou ao se tornarem padronizados, controlados e disciplinados. Por outro lado, conseguem se ampliar, se exibir, se visibilizar, ao caminhar de maneira singular e criativa a pé pelas ruas.

Os corpos atravessam, encontram-se, experimentam a cidade. Eles ampliam, se ampliam, pensam, se significam e ressignificam a cidade. Cada caminhar rabisca uma cidade única, e é rabiscado de forma singular pela cidade.

Por meio dos corpos dos indivíduos que a habitam, a cidade se faz. A cidade, assim, se confunde com os corpos.

Ela constrói e destrói subjetividades. Ela regula encontros, oferece palco a existências de alguns e cria muros para outros tantos excluídos.

As composições são diversas. Os corpos são vários. O espaço é aberto. A vida urbana acontece com as relações entre corpos e cidade.

Como viver a cidade? Como experimentá-la? Como pensar o corpo?

Beth Mori conversa com a escritora Rosiska Darcy de Oliveira e a psicanalista Cibele Brandão sobre o envelhecer nas cidades

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