Livro – Vá Aonde Seu Coração Mandar – Susanna Tamaro
Pequena, magra, cabelos curtos tipo Peter Pan, olhos verde-ácidos e camisa unissex, Susanna Tamaro é um símbolo vivo do pós-feminismo, pós-ideológico, pós-político e pós-psicanalítico. Nunca enfrentou qualquer dificuldade material maior. Vive hoje com seus cães no campo, em Orvieto (Itália), mas passa dois dias por semana em Roma, no Trastevere, para trabalhar. Ela sempre achou que após o fim das ideologias se daria o fim do consumismo. E diz para os jovens, aparentemente tão frios, tão insensíveis: “Vocês não sabem, mas têm um coração.”
Vá aonde seu coração mandar não é uma história de amor. Trata-se de um diário íntimo que fala de sentimentos, sem o menor sentimentalismo, escrito por uma mulher de oitenta anos, uma avó tradicional que tricota, planta roseiras e vive com um velho cão na solidão de uma grande casa em Trieste, na Itália. Seu fim está próximo. Ela quer deixar uma mensagem para a neta que criou e que está vivendo há um ano nos Estados Unidos, para estudar. Ela fala de seu marido, um burguês endinheirado, e de seu amante — o verdadeiro pai de sua filha, uma jovem da geração de 68 destruída pela droga —, a psicanálise e um trágico acidente de carro. É esta avó, justamente, quem primeiro rompe com o círculo funesto dos tabus e convida a neta a superar por meio da piedade as dores e os rancores da vida. Fim do diário: “Fique imóvel, em silêncio, e escute o seu coração. Deixe-o falar, e vá aonde ele mandar.”
Os italianos alçaram o romance Vá aonde seu coração mandar ao céu dos best-sellers: um milhão e meio de exemplares vendidos em um ano. Mais do que João Paulo II e Umberto Eco juntos. A obra dedica-se aos jovens, que se reúnem à noite em pequenos grupos nos cafés, na sala de casa ou à beira das fontes para discutir e louvar este livro-emblema, esta bíblia da juventude desencantada. Eles se reconhecem no romance, com relação à sexualidade, à política, às drogas e à religião. E, graças a Susanna Tamaro, estão prestes a descobrir que têm um coração.
